Não precisamos ir muito longe para saber que a maneira como estamos treinando e preparando os líderes hoje não está atingindo os resultados esperados. Aliás, longe disso.

A Organização Mundial da Saúde estima que, globalmente, as empresas perdem US$ 1 trilhão de dólares por ano em produtividade por conta da saúde mental dos seus colaboradores. Aliás, a saúde mental é um dos maiores desafios do futuro do trabalho, justamente por conta do seu impacto na dinâmica e nos resultados alcançados pelas empresas.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a depressão é considerada o mal do século XXI. As pesquisas indicam que até 10% da população mundial sofre de depressão, com cada vez mais casos por ano. Aliás, a depressão vai ser a doença mais comum do mundo em 2030. Em apenas 10 anos, entre 2005 e 2015, o aumento do número de casos de depressão no mundo foi de 20%.

Além disso, a ansiedade também é prevalente. Dados também da OMS mostram que o Brasil é considerado o 1º país mais ansioso do mundo, sendo também o quinto mais depressivo. E a tendência é que esses números piorem ainda mais se nós não repensarmos urgentemente vários aspectos da nossa vida, incluindo nossa relação com o trabalho.

É por isso que eu considero a liderança regenerativa uma verdadeira revolução para quem quer mudar as suas vidas e ser uma inspiração positiva para as pessoas ao seu redor.

O que é Liderança Regenerativa

A liderança regenerativa é um campo emergente na área de liderança que se concentra na criação de impacto positivo e na restauração de sistemas naturais e sociais em vez de apenas manter ou mitigar danos.

Embora seja um conceito relativamente novo, ele está ganhando atenção crescente de acadêmicos e líderes em todo o mundo.

Atualmente, não há uma universidade ou pesquisador específico que seja amplamente reconhecido como a autoridade em liderança regenerativa, embora o termo esteja sendo estudado em universidades como a Escola de Negócios de Harvard, com foco em criação de valor sustentável e regenerativo.

Aqui no IDHL, somos pioneiros na pesquisa teórica e prática sobre como esse conceito pode ajudar a treinar novos líderes preparados para o futuro.

Em outras palavras, a liderança regenerativa é um novo modelo de liderança inspiradora que muda vidas e carreiras.

Princípios da Liderança Regenerativa

De modo geral, os princípios norteadores da liderança regenerativa são pautados nos seguintes elementos:

1. Foco em sistemas vivos

Líderes regenerativos reconhecem a interconexão de sistemas naturais e sociais. Eles trabalham para restaurar e fortalecer esses sistemas em vez de explorá-los.

2. Colaboração e inclusão

A liderança regenerativa valoriza a colaboração, a diversidade e a inclusão, reconhecendo que diferentes perspectivas são essenciais para a solução de desafios complexos.

3. Ciclos de aprendizado

Os líderes regenerativos estão comprometidos com a aprendizagem contínua e a adaptação à medida que enfrentam desafios em constante mudança.

4. Criação de valor positivo

Em vez de simplesmente minimizar danos ou reduzir impactos negativos, os líderes regenerativos procuram criar um impacto positivo em todas as partes interessadas, incluindo a comunidade e o meio ambiente.

5. Ética e responsabilidade

A ética desempenha um papel fundamental na liderança regenerativa, com líderes buscando agir de maneira responsável e em consonância com valores ecológicos e sociais.

6. Resiliência e adaptação

A liderança regenerativa abraça a resiliência, a flexibilidade e a capacidade de adaptação para enfrentar crises e mudanças inesperadas. Justamente por isso, vem sendo considerado o modelo ideal de liderança para navegar o mundo BANI.

7. Inovação e criatividade

Os líderes regenerativos promovem a inovação e a criatividade para encontrar soluções novas e sustentáveis para desafios complexos.

8. Ciclos de feedback

A obtenção e aplicação de feedback constante são fundamentais para melhorar e aprimorar as práticas de liderança regenerativa.

Impactos da Liderança Regenerativa nas empresas

A liderança regenerativa impacta diretamente a vida pessoal e profissional dos líderes e equipes que abraçam esse novo conceito, trazendo resultados positivos para as empresas.

Mais de 60% dos colaboradores afirma que um líder atencioso e compassivo impacta positivamente a sua saúde mental.

Uma das maiores empresas de consultoria organizacional do mundo, a Gallup, publicou na Harvard Business Review uma análise agregando décadas de dados coletados sobre variáveis que levam a resultados positivos tanto para as empresas como para os colaboradores. E a principal variável que eles identificaram foi o nível de engajamento com o trabalho.

Esse levantamento mostra que ter um alto nível de engajamento ajuda as empresas a terem maior produtividade com seus times, produtos de maior qualidade, e, claro, maior lucratividade. E não estou falando apenas de um país aqui, viu? Eles analisaram milhares de empresas ao redor mundo e viram que esse é um padrão que se repete em várias delas.

Só tem um problema aqui: pessoas ansiosas e estressadas não conseguem ter alto engajamento com o seu trabalho.

Ansiedade e engajamento no trabalho

Pensa comigo, se alguém não consegue expressar suas ideias porque tem medo de ser julgado, como essa pessoa vai dar o seu melhor nesse ambiente?

E tem mais. Uma pesquisa publicada na revista Cogent Business & Management por pesquisadores paquistaneses mostra que baixos níveis de engajamento levam a diminuição da moral e da produtividade das equipes, aumento da rotatividade, maiores índices de acidente de trabalho e grandes perdas financeiras para as empresas – que poderiam ser evitadas.

Por outro lado, colaboradores satisfeitos e engajados relatam 74% menos estresse, 106% mais energia no trabalho, produtividade 50% maior, 13% menos dias de afastamento por doença, 29% mais satisfação com suas vidas e tem 40% a menos de chance de terem burnout.

Não é nada mal, né? E se eu ainda te dissesse que pessoas engajadas com o seu trabalho são 85% mais eficientes em suas tarefas e 300% mais inovadores nas soluções geradas?

Quem compartilha esses achados é o Paul Zak, um neuroeconomista americano que desenvolveu pesquisa pioneiras nessa área, estudando biologia, psicologia e neurociência para entender melhor a parte biológica das nossas tomadas de decisão.

Liderança regenerativa: a opção para o futuro

Desenvolver novas ferramentas de funcionamento de equipes não é o mais importante em si, mas principalmente desenvolver a autoconsciência e o autoconhecimento para que seja possível gerar mudanças reais em si mesmo, em sua equipe e em sua empresa.

Trazer autoconhecimento e otimização pessoal por meio de ciência, tecnologia, experimentação e dados com foco em saúde e bem-estar, desempenho humano, longevidade para obter resultados no negócio é conhecer intrinsecamente o funcionamento biológico e socioemocional dos humanos, dos líderes e de seus cérebros.

Voltamos a dar importância à inteligência emocional, desenvolvemos a inteligência relacional e outras inteligências, agora é hora de desenvolver a inteligência biológica.

Simplesmente não basta ser inteligente para o futuro, ou melhor, pro presente.

A gente precisa mesmo, é aprender a ser sábio. O primeiro passo é focar no nosso interior, para que a gente possa conhecer a nós mesmos como a gente conhece as nossas máquinas.

E isso começa com o que eu chamo de liderança regenerativa.

Conforme você direciona conscientemente sua mente para se concentrar no que deseja em vez de repetir os erros do passado, você começará a tomar decisões melhores que o levarão a praticar uma liderança regenerativa.

A ideia de resultado fácil e rápido, seja em qualquer área, é uma distorção da realidade e um erro para quem quer realmente uma transformação perene, duradoura e eficaz.

Espero que essas dicas te ajudam a virar a chave que você precisa para transformar a sua carreira e conquistar produtividade sem perder a saúde.

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Eu te mostro como você pode ter uma vida profissional mais equilibrada e produtiva sem abrir mão daquilo que é importante para você!

Referências

‌ADNAN, N.; BHATTI, O. K.; FAROOQ, W. Relating ethical leadership with work engagement: How workplace spirituality mediates? Cogent Business & Management, v. 7, n. 1, 2 maio 2020.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Mental Health at Work [Internet]. 2024. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/mental-health-at-work

AOUSTIN E. Regenerative leadership: what it takes to transform business into a force for good. Field Actions Science Reports The journal of field actions [Internet]. 2023 Nov 10;(Special Issue 25):92–7. Disponível em: https://journals.openedition.org/factsreports/7359

HARVARD BUSINESS PUBLISHING. 2023 Global Leadership Development Study: ready for anything. Massachusetts: HBP, 2023. Disponível em: https://www.harvardbusiness.org/wp-content/uploads/2023/06/Report_Ready-for-Anything_Jun2023.pdf.

ZAK, P. J. The Neuroscience of Trust. Harvard Business Review, 2017. Disponível em: https://hbr.org/2017/01/the-neuroscience-of-trust.