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Como lidar com a procrastinação no seu time: neurociência para líderes
- 18 de outubro de 2023
- Por: Flávia Lippi
- Categoria: Trabalho e carreira
A procrastinação é um tema muito estudado por várias áreas de pesquisa, como a Psicologia, Pedagogia, Administração e a Neurociência.
Embora não há ainda uma definição única a respeito do fenômeno da procrastinação, graças a grandes avanços nessas áreas, nós sabemos bem mais sobre o que é e como acontece a procrastinação, assim como seus principais efeitos e consequências no dia a dia das pessoas.
Em primeiro lugar, é importante deixar claro que a procrastinação não é causada diretamente pelo estresse, seja esse relacionado ao trabalho ou às atividades acadêmicas.
A definição de procrastinação mais aceita e usada na comunidade científica é a seguinte: procrastinação é o fenômeno em que os indivíduos voluntariamente atrasam o começo ou a finalização de uma ação, mesmo acreditando que isso vai prejudicá-los.
Ou seja, é um comportamento que acontece mesmo quando as pessoas têm plena consciência das consequências negativas. Por isso, ele não está necessariamente relacionado ao estresse em si, mas ao nosso autocontrole.
Por que procrastinamos?
Quando procrastinamos, estamos indo contra os nossos interesses e os objetivos que definimos para nós mesmos, impactando profundamente nossa vida pessoal e profissional.
Aliás, segundo o psicólogo Tim Pychlyl, da Universidade de Carleton no Canadá, a procrastinação é o problema mais grave da educação na atualidade. Para empresas, um colaborador que tem o hábito de procrastinar pode afetar a reputação da empresa, fazer tomada de decisões equivocadas e impactar negativamente a relação com os clientes.
E essa não é uma dificuldade isolada. A procrastinação crônica existe em diferentes culturas e afeta cerca de 15% a 20% da população adulta no mundo. Ou seja, uma a cada 5 pessoas está procrastinando nesse exato momento!
Mas se sabemos conscientemente dessas consequências, por que a procrastinação ainda acontece com tanta frequência?
Para responder essa pergunta, é necessário entender um pouco mais sobre o funcionamento desse comportamento.
Um traço presente em quase todos os procrastinadores compulsivos é a impulsividade – isso é, viver de maneira impaciente e querer tudo agora. Isso está inversamente relacionado a características de automotivação, persistência, disciplina, habilidades de organização das próprias atividades e manejo do tempo.
De modo geral, pessoas com essas características ligadas à automotivação e organização tendem a procrastinar menos. Porém, o contrário também é verdade: procrastinadores são frequentemente desorganizados e facilmente distraídos.
A neurociência diz, que de uma maneira geral, nós nos rendemos à procrastinação porque nosso cérebro dá preferência a recompensas imediatas e à sensação de prazer que acompanha esses comportamentos. Basicamente, é uma lacuna entre a nossa intenção e a ação que tomamos, seja por motivos conscientes ou inconscientes
Afinal, é muito mais legal ficar horas no TikTok do que trabalhar naquele projeto que está parado há um tempão, não é mesmo?
O que diz a neurociência?
Na prática, a procrastinação tem a ver com o sistema de recompensas a curto e longo prazo do nosso cérebro. O que acontece é nós acabamos trocando objetivos e metas importantes por distrações imediatas. Isso pode acontecer por uma série de razões, como medo do que as pessoas vão achar, perfeccionismo, cansaço e até mesmo tipos de personalidade mais impulsivos.
No dia a dia, todos nós procrastinamos em maior ou menor grau. O problema é quando isso acontece de maneira crônica a começa a afetar todas as áreas da vida.
Quando uma pessoa procrastina de maneira repetitiva e não consegue sair desse ciclo, as tarefas importantes se tornam urgentes e precisam ser realizadas em menor tempo. Com isso, é comum que a pessoa atrase seus objetivos pessoais e profissionais por conta da qualidade do seu trabalho.
Uma pesquisa publicada no periódico acadêmico Advances in Psychological Science mostra que mais de 40% dos alunos já procrastinou ao menos uma tarefa, e alguns alunos sofrem de procrastinação crônica. O hábito de adiar as tarefas não só prejudica o desenvolvimento acadêmico, profissional e emocional dos estudantes, mas também impacta sua saúde mental e física.
Pesquisadores identificaram uma relação direta entre procrastinação e pior saúde física, com níveis mais altos de estresse, estilos de vida não saudáveis e poucos comportamentos de autocuidado.
Além disso, esse mesmo estudo mostrou que pessoas com maior tendência a procrastinar apresentem mais sintomas de depressão e ansiedade, pior qualidade de sono, dores físicas, maior sentimento de solidão e até mesmo dificuldades financeiras.
Enfim, embora não exista uma cura para a procrastinação, pesquisas mostram que desenvolver habilidades relacionadas com a atenção e melhorar os níveis de foco ajudam a diminuir os níveis de procrastinação.
Por exemplo, um estudo publicado no International Journal of Applied Positive Psychology mostra que a prática de exercícios de mindfulness antes de realizar uma tarefa melhora os níveis de atenção, consequentemente diminuindo a procrastinação.
A consciência sobre a tarefa que estamos realizando está relacionado a menores níveis de procrastinação a longo prazo, além de impactar positivamente a saúde física e mental.
Além disso, algumas dicas práticas são relacionadas diretamente à organização da tarefa, com o objetivo de diminuir as chances de procrastinar. Separar as tarefas em pequenos blocos ajuda a simplificar e eliminar níveis altos de complexidade, que podem ser um gatilho para a procrastinação.
Além disso, identificar as atividades específicas que causam alguém a procrastinar é o primeiro passo para observar o funcionamento desse comportamento e implementar estratégias visando restringir esse hábito.
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