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O mestre adivinho
- 4 de novembro de 2021
- Por: Flávia Lippi
- Categoria: Relacionamentos Trabalho e carreira Vida pessoal
Você conhece aquela pessoa que sabe tudo que vai acontecer no futuro, mesmo sem nenhuma prova? Aquele cara que acha que tudo vai dar errado sempre, porque nunca foi diferente e as coisas não tem jeito de mudar? Pois é, eu costumo chamar essas pessoas de mestres adivinhos.
Mesmo sem saber nada de uma determinada situação, os mestres adivinhos já sabem de antemão que aquilo vai dar errado. Por que? Porque vai, óbvio. Eles tem um sentimento ruim que vira quase que um presságio, mesmo que isso não seja muito realista. Os mestres adivinhos têm tanta certeza disso que até quando uma situação se mostra positiva, eles acreditam que vai dar errado.
Essa sensação pode até diminuir um pouco a ansiedade com o futuro – afinal, tudo já tem um resultado certo, mesmo que não seja bom. Mas já pensou o desânimo de quem leva essa postura para a vida pessoal e profissional?
Antes de me aprofundar no tema, preciso antes te explicar o motivo de você ter essa tendência de pensamento. Todos nós pensamos isso uma vez ou outra, e tem uma explicação biológica desse fenômeno. São os chamados “atalhos preguiçosos”.
Mas esses atalhos, que são úteis nos contextos e proporções necessárias, podem acabar viciando o nosso pensamento e nos paralisando em determinados comportamentos. Afinal, se toda vez a gente reage da mesma maneira à alguma situação, não temos a chance de melhorar e nos desenvolvermos.
Isso acontece porque o nosso cérebro está cuidando de nós e quer preservar o máximo de energia possível nas suas tarefas, tentando constantemente nos manter seguros. É uma forma de extrema aversão ao risco que tem a ver com a nossa biologia.
Imagina que um ancestral seu está há milhões de anos atrás em uma situação em que tem que fugir de um predador. Ele acabou de sair da caverninha dele, tá lá de boa se preparando para coletar seus alimentos, e dá de cara com um tigre. Se o cérebro dele não tivesse adaptado para tomar decisões rápidas, ele não teria sobrevivido, se reproduzido e você não estaria aqui hoje lendo esse texto.
Em resumo, o seu cérebro pode continuar a repetir antigos padrões de tomada de decisão para mantê-lo em sua zona de conforto, ao invés de ajudá-lo a atingir seu potencial máximo.
E é aí que entra um dos vieses de pensamento que nós menos percebemos, mas que mais impacta a nossa percepção e o nosso comportamento: a adivinhação.
No começo desse texto eu te falei sobre os mestres adivinhos, lembra? É justamente assim que o poder da adivinhação funciona na prática. Nós começamos a dar menos importância para as coisas que estão acontecendo na nossa frente e temos certeza absoluta que o resultado de tudo vai ser sempre o mesmo, independentemente da nossa estratégia ou do nosso esforço.
Os fatos e as evidências dão espaço para a nossa impressão das coisas, o famoso “achismo”. E isso vai ditando a nossa postura no trabalho, nos relacionamentos pessoais e até no cuidado com nós mesmos.
Separei aqui algumas situações de exemplo, onde isso acontece muito claramente:
- Você acha que não adianta correr riscos ou estabelecer metas, porque você sabe que nunca os alcançará de qualquer maneira.
- Você prevê que não há como encontrar o amor verdadeiro. Afinal, já deu errado uma vez, então por que vai ser diferente agora?
- “Eu sei que nunca vou conseguir aquele emprego dos sonhos.”
Fique atento e observe se você mesmo não tem essa tendência em alguns momentos. Acreditar instintivamente que tudo está destinado a dar errado pode ter um impacto profundo nas suas tomadas de decisão e na maneira como você encara a vida, mesmo que você não perceba.
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