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Os seres humanos são seres linguísticos. A particularidade do ser humano se deve à linguagem. Somos seres que vivemos na linguagem. Somos seres sociais. Não há lugar fora da linguagem desde a qual possamos observar nossa existência.
É através da linguagem que entendemos a realidade do entorno e podemos explicá-lo. A linguagem é “a morada do ser” (Heidegger).
A linguagem é geradora. A linguagem não só nos permite falar “sobre” as coisas, mas também faz com que essas aconteçam. Ela cria a realidade. A linguagem é ação. O filósofo norte-americano John R. Searle afirmou que, sem importar o idioma que falamos, sempre executamos o mesmo número restringido de atos linguísticos: os seres humanos, ao falar, fazem declarações, afirmações, promessas, pedidos, ofertas.
Essas ações são universais. Não só atuamos segundo aquilo que somos, mas também somos segundo o que atuamos. A ação gera o ser. Somos e modelamos nossa identidade de acordo com o que fazemos. Com a linguagem delineamos o porvir, por meio dela participamos no processo continuo do vir a ser.
Os seres humanos criam a si mesmos na linguagem e por meio dela. Ao dizer o que dizemos, de um modo e não de outro, ou não dizendo coisa alguma, abrimos e fechamos possibilidades para nós mesmos e, muitas vezes, para outros. Quando falamos moldamos o futuro. A partir do que dizemos ou nos é dito, a partir daquilo que calamos, a partir do que escutamos ou não escutamos de outros, nossa realidade futura modela-se de uma forma ou outra. Mas, além de participar na criação de futuro, nós seres humanos esculpimos nossa identidade e do entorno que vivemos por meio da linguagem.
A vida é o espaço em que os indivíduos inventam a si mesmos. O ser humano é um espaço de possibilidade à sua própria criação. Estamos num processo permanente de vir a ser, de nos inventarmos e nos re-inventarmos dentro de uma deriva histórica.
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*Texto postado no meu antigo blog em 11/11/2004.