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Quando a paixão acaba
- 10 de abril de 2017
- Por: Flávia Lippi
- Categoria: Relacionamentos Vida pessoal
Às vezes acordo com o corpo doendo de dormir tão encolhida em mim mesma. Parece que quero preencher com meu próprio corpo o espaço vazio.
Às vezes meu coração dispara e tenho a nítida impressão que vou perder o fôlego. Parece que ele quer preencher com a pulsação dobrada o espaço vazio.
Às vezes sinto a cabeça cheia de luz, como se tivesse comido uma lâmpada. Parece que o cérebro quer preencher com o imaginário os sonhos que foram roubados.
Às vezes sinto tanto frio que o peso dos cobertores e roupas pesadas me fazem sentir maior. Parece que minha pele quer congelar os toques que ficaram do passado.
Às vezes meus olhos brilham tanto que me perco em mim mesma. Parece que quero afundar em imagens imaginárias para perder o foco do passado.
Às vezes choro tanto que meus olhos pulam da face. Parece que um rio vem como purificador de magoas e dores.
Às vezes sinto tanto prazer que acordo abraçada em meu príncipe. Parece que meu corpo se torna hermafrodita na tentativa de se privar de novos sentimentos.
Às vezes meu corpo esquece que existe prazer. Parece que todos os meus órgãos entram num acordo de silêncio para ouvir os sussurros do passado.
Às vezes ando cambaleante como se estivesse bêbada. Parece que meu corpo se embriaga de sabores na tentativa de perpetuar o passado.
Às vezes os passos firmes me levam para o futuro. Parece que uma forca sobrenatural me carrega e me faz sentir inteira.
Às vezes fico sem fome. Parece que meu corpo se alimenta do amor que preencheu tantos espaços.
Às vezes como tanto que parece que vou explodir. Parece que meu corpo comporta todos os tipos de alimentos que momentaneamente farão cada centímetro estufar de prazer e explodir o passado grudado em cada célula.
Às vezes meu nariz deixa de sentir os aromas da vida. Parece que as narinas se fecham para o presente e fazem perpetuar em cada centímetro da cabeça os inúmeros cheiros do passado.
Às vezes o olfato age sozinho. Parece que todos os aromas do mundo permeiam meu coração numa tentativa louca de criar novos arquivos.
Às vezes parece que me separei de mim mesma, mas na verdade me separei da figura imaginária que criei para viver comigo.
Aquele que viveu deixou o espaço vazio antes mesmo que eu tivesse notado que havia perdido.
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Às vezes acordo com o corpo doendo de dormir tão encolhida em mim mesma. Parece que quero preencher com meu próprio corpo o espaço vazio.
Às vezes meu coração dispara e tenho a nítida impressão que vou perder o fôlego. Parece que ele quer preencher com a pulsação dobrada o espaço vazio.