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Nunca é tarde para realizar
- 24 de abril de 2017
- Por: Flávia Lippi
- Categoria: Vida pessoal
(Estava revirando uns textos antigos e achei esse que me trouxe uma lembrança delícia de quando aprendi a surfar! Foi um sonho adolescente realizado. E você ainda tem algum sonho adolescente aí pra realizar? Me conta!)
Todo ano a gente promete um monte de coisas. Coisas impossíveis para facilitar a desculpa no final, coisas fáceis para diminuir a culpa e coisas que geralmente a gente acaba esquecendo. É uma coisa mesmo…
Em dezembro de 2001, comecei a fazer minha lista e acabei me lembrando de muitas coisas do passado. Comecei cumprindo um desejo não muito antigo, mas daqueles que a gente vai adiando. Desde que me tornei adulta e saí da casa dos meus pais, são raros os momentos que passo com eles. Minha família mora em Belo Horizonte e eu aqui em São Paulo. Na festa mais concorrida do ano, decidi passar as comemorações com eles. Passei o Natal e também o ano novo. Foi maravilhoso. Me lembrei como é está perto deles, a energia pura e dedicação sincera de um amor que não tem limites.
Depois fui seguindo a lista de promessas. E estava lá um sonho antigo. Surfar. É isso mesmo, pegar ondas com uma prancha.
Eu tinha acabado de chegar de férias e a história é longa. Tinha muito pouco tempo para descansar, mas não queria abrir mão da praia. Olhei no mapa e prestei bastante atenção nas condições do tempo. Acabei escolhendo Florianópolis em Santa Catarina. O único lugar que não chovia, lindo e perto da Praia do Rosa onde acabei ficando por cinco dias.
A Praia do Rosa é conhecida pelos surfistas famosos que passam por ali. É claro que eu iria achar uma forma de realizar este sonho. No primeiro dia andei a praia olhando o visual. Olhei bem e acabei vendo no final da praia uma escola de surf. Pois é. Me inscrevi na Rosa Surf School. Comecei a cumprir minha meta de 2002.
Já tive namorados surfistas e nunca saí do posto de torcedora na areia. Na praia do Rosa a coisa mudou de figura. Entrei na lista das garotas que ocupam os 90% das vagas das escolas de surf no Brasil.
No Rio de Janeiro, o surfista Paulo Dolabella criou o Primeiro Campeonato Feminino de surf Amador para iniciantes. É claro que ainda não dá para participar, mas acreditem, em três aulas eu estava surfando.
Lóla é surfista, tem 23 anos, é do signo de virgem e foi minha instrutora. Na primeira aula ela é bastante clara. “Surf não é fácil, mas o objetivo da escola é mastigar a técnica e te colocar em cima da prancha”.
Ainda na Areia ela pega um “pranchão” de 9 pés importado da Califórnia especialmente para dar aulas. Eles são emborrachados e por isso não machucam o aluno.
Rodrigo Litman, empresário e surfista foi quem trouxe a escolinha para o Rosa. Ficou dois meses na Califórnia aprendendo a técnica de ensinar a surfar, importou todo o equipamento de ensino e adaptou para as condições do Brasil e especialmente do Rosa.
Na primeira aula fui para areia com a prancha. Aprendi a remar, a deitar nivelada, a fazer a posição “cobra”, utilizada para furar a onda e por último aprendi é claro a ficar em pé.
Depois de uma hora de aula e ainda sem acreditar que em três dias estaria no mar vendo o mundo como um peixe, fui para a Lagoa. Essa é uma das adaptações criadas por Rodrigo. Antes de cair no mar, os alunos são levados para a Lagoa. Agora o lance é aprender a lidar com a prancha na água.
Na Lagoa, a gente coloca em prática a remada e tenta ficar em cima da prancha em movimento. Aprende a fazer a posição “tartaruga”, usada para furar ondas difíceis e altas. Depois de uma hora, muitos tombos e a língua na areia é hora de parar e descansar. No dia seguinte, a tão sonhada terceira aula já dentro do mar.
A noite já me sentia uma surfista. A sensação de estar na água e ficar sob as ondas já contaminava meu corpo. Enfim, o mar. Aprendi a carregar o “pranchão” na cabeça até o mar. Entrei e já me senti em casa. Lóla, instrutora entrou comigo e me ajudou a furar as ondas e a me posicionar para “Dropar”, deslizar na primeira onda. Fui e consegui. A sensação é maravilhosa e realmente aprendi a técnica e um pouco de prática em três dias.
Mas surf não é só isso. É preciso se dedicar a ter uma vida melhor. Não beber, não se drogar, amar a natureza e ter uma alimentação balanceada. As melhores ondas são às 6:00 da manhã. Não dá para estar em contato com a natureza a essa hora se não cuidar do corpo. Aprendi que ser surfista é uma super profissão. É tudo uma questão de disciplina e amor.
Não tive medo de começar. Realizei um sonho de adolescente e vou encarar a realização de outras para ser cada vez mais feliz.
PS: Eu fiz esse curso em 2002 e foi maravilhoso, mas hoje não tenho mais contato com a escola.