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Num país onde muitos são miseráveis, a solidariedade se confunde entre migalhas. Os restos, os trocados, os velhos, os usados, servem como paliativos de uma culpa que carregamos dentro de nós. É a culpa oculta de nossas diferenças.
A solidariedade implica em ações seguras, objetivas, de longo alcance. Uma coisa é “expiar a culpa”, colocando em muitos pratos o resto, a sobra do desperdício. Outra coisa é planejar a manutenção ou devolução da dignidade perdida.
A solidariedade compreende um laço fraternal de pessoas unidas pelos mesmos interesses e por isso ajudam umas às outras. Os solidários compartilham das mesmas tristezas e alegrias, dos mesmos interesses. É um compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas pelas outras e cada uma delas por todos. Ser solidário implica numa formação afetiva, num berço onde se foi amado, num lar ou na vida. A solidariedade é um ato de amor, de alguém forte, consciente, no caráter, e por isso, é humanista.
Da solidariedade derivam ações plenas que garantem a formação do homem. Dar esmola é um ato de manutenção do desastre, da derrota diante da vida, do revés perante seus iguais. Solidariedade, no entanto, no dicionário, é um adjetivo com consistência. Derivado de sólido. O solidário, é, portanto, íntegro, um ser humano especial que se responsabiliza por outros seres humanos.