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Encontros
- 18 de novembro de 2016
- Por: Flávia Lippi
- Categoria: Relacionamentos Vida pessoal
Muitas pessoas me perguntam como faço para manter a calma e não entrar em atrito. A minha resposta é sempre a mesma: eu também entro em atrito.
Pense bem. As pedras da nascente de um rio são pontiagudas, toscas, cheias de arestas. Ao longo do rio, com o atrito entre elas e carregadas pelas águas, durante uma longa jornada, as pedras se tornam polidas, limpas e arredondadas. Assim somos nós. Entre atritos e contatos, somos transformados. Para haver evolução, é preciso estar próximo, permitir o relacionamento com o outro, rolar, desgastar, evoluir e transformar.
Quando olho para trás, lembro-me de tantas formas pontiagudas que carrego no meu ser e das marcas de várias pessoas importantes registradas em minha alma. Seres que me permitiram no contato com eles, me transformar no que sou, ajudando a eliminar arestas, dando-me forma, transformando-me em alguém mais suave, mais inteiro, mais consciente. Existem aqueles seres que também me criaram arestas e que ainda preciso lapidar. Mas o contato com eles me faz crescer, me traz experiência.
Acredito que no fim de tudo serei uma pequenina pedra, cada vez menor e mais fácil de carregar. Mais perto de minha essência.
Finalmente serei parte do outro, do todo, e terei a compreensão exata da grandeza do universo e de quão pequena posso me transformar.
No amor, transformamos o atrito. No atrito do contato puro com o outro descobrimos o amor verdadeiro. É só através dos relacionamentos que nos permitimos desbastar os excessos. Tive a ilusão de que amar era evitar confrontos e sentimentos ruins. Descobri que na construção do amor, fazia parte ferir e ser ferido, ignorar e ser ignorado, ter e perder. Envolvimento gera atrito, que faz parte da lapidação do amor.
Afinal, ninguém muda ninguém, ninguém muda sozinho, nós mudamos nos encontros. É nos relacionamentos que nos transformamos.
Permita-se, mude, encontre-se.
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*Texto postado no meu antigo blog em 30/12/2008.