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Quando a gente mora em uma metrópole nos acostumamos a viver em guerra. Uma guerra sutil, sem líder. Mas uma guerra que nos faz acostumar com coisas que não deveríamos. Todo dia a gente se arma com a roupa daquele momento, a cara daquela hora. Nossos gestos são observados, nossos modos são medidos, nós somos vistos e às vezes não vemos. É uma guerra que começa dentro e aos poucos encontra um adversário. Parece estranho né… Mas existem armas que vieram inseridas em nosso peito, em nossa alma. Essas armas não podem ser esquecidas.
Quem vive na cidade grande reclama de solidão. Isso não quer dizer que lhes falte companhia, acho que o que falta mesmo é afeto. Quando somos criados com afeto, acho que nosso corpo faz uma reserva extra para casos de emergência.
Digo isso, porque moro aqui nesse mundo, nessa São Paulo, sozinha e só existe uma maneira de não me sentir solitária. Eu busco dentro de mim essa reserva que me foi concedida durante minha infância e adolescência. Meus pais são meus gurus. Me deram uma visão de vida muito humilde e tranquila. Eles sempre dizem que a gente só vive bem nesse mundo se dividirmos a própria vida com as outras pessoas. Saber compartilhar é ser solidário. E ser solidário é antes de tudo saber receber o que o outro pode te oferecer e não aquilo que você gostaria de receber, sem rótulos.
Essa visão influenciou a minha vida e a relação que tenho com as pessoas com as quais trabalho e convivo. A solidariedade me fez uma pessoa melhor. E o afeto é o alicerce que molda meu estado de espírito.